Fui chamada pela Cláudia, minha ex-chefe, pra trabalhar na Bienal do Livro. Esse ano vai ser muito puxado, serão mais de 14 horas diárias nos 10 dias de Bienal.
Por coincidência, essa semana li no Blog da Flavoli o texto do livro Mania de Explicação, da Adriana Falcão. Eu AMO esse livro! Eu estava no auge do meu trabalho com literatura quando ele foi lançado pela Salamandra, que é uma editora pela qual eu tenho um carinho enorme. Primeiro porque eu acompanhei a compra da Salamandra pela editora Moderna. Eu estava lá dentro, trabalhava na Moderna, acompanhei a chegada dos livros e me lembro ainda hoje da grata surpresa que foi conhecer aquelas obras. Segundo porque a Salamandra tem uma excelente literatura infantil, que eu felizmente tive a oportunidade de apresentar para as minhas filhas. Terceiro porque foi através da Salamandra que eu conheci a Cláudia e começamos a amizade. Quarto porque foi pela Salamandra que a Cláudia abriu a Capital das Letras (firma em que eu trabalhava), empresa onde eu aprendi 80% do "bom profissionalismo" que eu tenho pra oferecer hoje.
Enfim... O Mania de Explicação é uma obra de arte. É um livro que todo mundo que tem criança em casa deveria ter. Um livro que muito adulto precisa ler pra se entender e entender um pouco os sentimentos dos outros.
Como eu sou sempre um turbilhão de sentimentos, esse livro me ajuda a me entender mais, a lembrar rapidamente o quê os sentimentos significam dentro de mim.
Vou aproveitar a cópia que a Flavoli fez e colocá-la aqui também, pra vocês apreciarem.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta para os outros.
Solidão é uma ilha com saudade de barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.
Abandono é quando o barco parte e você fica.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Ausência é uma falta que fica ali presente.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Paixão é quando apesar da palavra “perigo” o desejo vai e entra.
Desejo é uma boca com sede.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair da sua boca depressa.
Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu, sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.
Ansiedade é quando sempre faltam cinco minutos para o que quer que seja.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente.
Lealdade é uma qualidade dos cachorros, que nem todo ser humano consegue ter.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez, só que todo mundo percebe.
Ousadia é quando a coragem diz para o coração: “Vá!” e ele vai mesmo.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Sorte é quando a competência encontra com a oportunidade.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e para.
Desilusão é quando anoitece em você, contra a vontade do dia.
Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é Fevereiro.
Desatino é um desataque de prudência.
Pressentimento é quando passa em você um trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Renúncia é um não que não queria ser.
Perdão é quando o Natal acontece em Maio, por exemplo.
Vaidade é ter um espelho onisciente, onipotente e onipresente.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Sorriso é a manifestação dos lábios quando os olhos encontram o que o coração procura.
Beijo é um procedimento inteligentemente desenvolvido para a interrupção mútua da fala quando as palavras tornam-se desnecessárias.
Amigos são anjos que nos levantam quando nossas asas estão machucadas.
Desculpa é uma palavra que pretende ser um beijo.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não. Amor é um exagero...também não. É um cuidar de...
Uma batelada de carinho? Um exame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero,um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?
Talvez, senão tivesse sentido.... Talvez porque não houvesse explicação,esse negócio de amor não sei definir.
Hoje também lembrei desse livro ao ler o post da Renata (nem vou linkar ela aqui, porque todo mundo sabe quem é ela, né? rsrs) falando sobre o aniversário de 3 anos do Vini. Solidão é uma ilha com saudade de barco/Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue/Abandono é quando o barco parte e você fica/Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo/Ausência é uma falta que fica ali presente/Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração/Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego/Agonia é quando o maestro de você se perde completamente.
Eu me afastei um pouco dela, erradamente, porque o luto dela tem me feito questionar coisas que não eram questionáveis na minha vida. Eu sei que as famílias são eternas... Essa certeza está acima de tudo, mas sempre que leio o sofrimento dela eu me questiono por que o Pai Celestial permite tristezas tão grandes, se Ele mesmo disse que "os homens existem para que tenham alegria". Eu sei a resposta. Eu sei porque a Renata passa por isso tudo. São provas, testes... Quando saímos da presença Dele, nós sabíamos e CONCORDÁVAMOS com isso. Agora, com o véu do esquecimento, isso às vezes foge da minha mente quando leio o Pequeno Marujo.
Rê, aguenta firme... Logo vc terá seu bebégin de volta. Ele será eternamente seu. Só faça por onde isso acontecer, por favor. Será uma alegria a mais pra todas as pessoas que acompanharam o fim da passagem do Vini pela Terra, nos encontrarmos todos novamente. Que o Pai Celestial te inspire a encontrar o caminho da verdade, é a minha oração, sempre.
Não sei quando volto, não sei se conseguirei voltar antes da Bienal. Tenho muitas coisas pra resolver antes de ser abduzida, rsrsrsrsrs.